Diga o que quiser, mas a gente passa a vida toda querendo surpreender.
Ainda que comecemos isso de maneira inconsciente, enquanto bebês, querendo surpreender a mãe com a primeira palavra formada, essa quase angustia de querer ser mais do que o outro espera de nós é como nossa dose diária de motivação.
Estamos sempre querendo não só fazer, mas também adivinhar o que estão imaginando que faremos para que possamos então tirar a carta da manga.
É como se essa mágica se refletisse diretamente no sorriso alheio por então sentir o gosto do inesperado.
E aí, veja você, chegamos a acreditar que nosso copo está sempre meio vazio.
O diferente, o ousado, o único é sempre mutável.
A conquista do inesperado só nos dá mais vontade de poder esperar o diferente que ainda virá.
Penso que nossa sorte seja mesmo evoluir o pensamento na mesma proporção que as vontades.
Afinal de contas, chega um dia em que percebemos que a grande diferença está adormecida sentimentalmente dentro de nós mesmos.
O esforço de ser mais, se torna na verdade o esforço de simplesmente continuar sendo.
Não que a motivação de surpreender um coração externo ao nosso tenha simplesmente sumido.
Nada disso.
Ela se transformou ao encontrar um artigo definido.
Com a cumplicidade de um olhar sincero que nos faz companhia todos os dias, conseguimos perceber que o diferente mesmo é dar de si, antes de pensar em si.
Notamos também que importante não é ser supreendente, mas simplesmente ser.
Aquele que nos olha todas as noites não espera mais do que podemos oferecer. Simplesmente quer a nós mesmos.
O fato acaba sendo um só: Surpresa mesmo é poder estar, ser.
E poder amar. Sendo amado.

Natalie e Ricardo, na surpreendente missão de se entregar diariamente ao amor que os uniu.

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