Depois de intensas e incessantes primaveras vagando pela inconstância desobjetiva de uma vida excluída de qualquer sentido ou motivo para acontecer, é capítulo de novela – lógico e providente – que um dia isso acabe ou seja rompido brutalmente por um amor cabalístico, bem aos moldes dionisíacos. Se isso não ocorrer durante a vida, não sou capaz eu de explicar o motivo teológico para tal.
E não me venha dizer que isso acontece várias vezes. Mentira. Acontece uma única, marcante, e essencial vez na vida. Se aconteceu duas com você. Perdão, mas a primeira não foi real, inconstante, mágica, absconsa ou qualquer coisa do gênero. Assim, no máximo foi um romance de Caras. Que decerto acabou poucas semanas depois.
Não que o tempo esteja atrelado a isso. Muito pelo contrário. Existem amores que vem e vão em segundos, outros que fingem existir durante tempos e tempos e os verdadeiros, que existem, podem ir e voltar, mas sempre estão ali, dormindo como o gigante Adamastor, apenas esperando um motivo que valha a pena voltar a viver.
E assim se dá o amor impossível. Uma das poucas vezes que a teoria complica a realidade, pois sim, existe possibilidade num amor desses. Vejo antigas histórias humanas. Não é possível que Cinderla não tivessem um amor com base fundamentada na realidade. Que dirá então de Romeu e Julieta? Quer amor mais impossível e improvável que motive a própria desistência da vida?!
E daí surge aquela coisa de estar junto sempre. Sufocar? Não acredito muito nisso, porque existem ligações mais fortes que uma simples presença, e estas atrapalham no momento em que o sol parar de brilhar. E só nesse momento.
Saudade sim incomoda. E muito. E tudo acontece assim. Ele acontece. A saudade acontece. Mas, acabaram de se ver. Sim, a saudade já está ali. Mas, o beijo de despedida foi selado há exatos 10 minutos. Pois sim, a saudade já bate a porta meu leitor. Mas, eu acabei de virar as costas para descansar o sono dos apaixonados. Veja você que seu sonho será com o único propósito de acabar com a saudade.
Detalhes fantásticos. Sorrisos inesperados como que se quisessem dizer o que se passa num órgão quase que calado. Mãos, pés e cabeças. Tudo numa ordem quase que impensável. Fatos ocorrem numa inércia voraz. Segredos são contados. Sorrisos são dispostos num quase-mar de lágrimas que prontamente são secadas. A única vontade que se tem é a de ser capaz de manter uma vida toda feliz de maneira ininterrupta. Comprar uma felicidade incapaz de ser posta a venda. Criar uma cúpula de compaixão. Esquecer de você para lembrar de quem lhe dá motivos para seguir tentando. Distanciar o que é mal. Aproximar o que faz bem.
A presença é a mãe do amor. A ausência é a bruxa velha e cheia de rugas do conto de fadas que não pode acabar.
Exagero ou não, definitivamente não cabe a ninguém julgar que não aquele que o respira. Eu por exemplo, adoro exageros. Deixo ‘Inutiliat Truncat’ para os árcades. Venha-me o que for único. Venha-me os excessos. Penso que enquanto houver vida, o amor indescritível assim será. Porque no fundo, ele é mesmo inexplicável e somente alguns ignorantes como eu tentamos decifra-lo como um inerte código de DNA. Apenas sinta. E faça com que dias nublados ganhem mil sóis. Esse poder é seu. E dele.

Se você teve paciência, e leu tudo que escrevi. Obrigado!
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rz